Formação de professores para o ensino híbrido não é opção, mas necessidade

No momento em que ainda se discute e avalia como serão os próximos passos da educação diante dos incalculáveis impactos da pandemia do novo coronavírus, recebe destaque a questão da formação de professores para o ensino híbrido. 

Mais que uma tendência ou proposta de inovação, o olhar de gestores e docentes para esse tema se faz necessário, diante de uma série de fenômenos que o distanciamento social proporcionou a todo ecossistema escolar. 

Alguns teóricos da Educação afirmam categoricamente que, por circunstâncias da crise de saúde pública, houve uma aceleração de um processo que já vinha acontecendo, aos poucos, quanto às metodologias de ensino – há especialistas defendendo, inclusive, que esse avanço foi superior ao que seria esperado para acontecer dentro de uma década!

A proposta deste artigo é a de reunir insights colhidos nas mais diversas frentes do universo escolar para demonstrar que, para 2021, há uma clara necessidade de investimentos na formação de professores para o ensino híbrido. Caso contrário, os prognósticos, em especial para as instituições da rede particular de ensino, são de perda de estudantes. 

O ensino híbrido e suas possibilidades

Antes de tratarmos especificamente da formação dos docentes, é importante contextualizar o ensino híbrido e suas realidades na educação brasileira. 

Em um primeiro momento, quando se trata dessa temática, é inevitável trazer à mente questões relacionadas ao uso dos mais diversos aparatos de última geração, devices, plataformas e ambientes modernos.

No entanto, é importante ter um olhar sobre a essência desse conceito. Por definição, o ensino híbrido é a metodologia que mescla, no processo de aprendizagem, atividades presenciais e não presenciais. Parece simples, não é mesmo?

A complexidade do tema está, justamente, nas possibilidades de aplicação dessa proposta em sala de aula (e, no caso, também dentro de casa). 

Teóricos que, há décadas, estudam e aplicam experiências com o ensino híbrido no Brasil sempre chamam a atenção para esse ponto: não é preciso de internet, smartphones, tablets e laptops para desenvolver tais metodologias.

Os exemplos são bastante diversos e, muitas vezes, passam despercebidos diante de nossos olhos. É comum o uso de canais de televisão como ferramentas para as atividades não presenciais – é o caso, por exemplo, das redes educativas. 

Há registros mais solitários em que, até mesmo, emissoras de rádio foram os recursos escolhidos para que as aulas não presenciais fossem desenvolvidas, com os conteúdos necessários.

Pandemia e tecnologia na educação

Formas de comunicação entre professores e alunos

ensino híbrido

Tecnologia da Informação e Comunicação

No entanto, apesar da existência de outras possibilidades para o desenvolvimento do ensino híbrido, é inegável que, nos últimos tempos, é mais presente o relacionamento dessa proposta aos recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

O advento e a popularização desses recursos fez com que, de forma crescente, eles fossem adaptados às propostas e metodologias atreladas ao tema, em conteúdos, plataformas e ambientes virtuais de aprendizagem.

Com a chegada repentina da pandemia, o que para muitos gestores era um plano que se desenhava no ambiente do ensino, passou a ser urgência.

Em poucos dias, uma população inteira de estudantes teve de deixar as instituições escolares, para assumir suas rotinas no interior de suas casas. 

As famílias passaram a ter um papel de atuação direta no desenvolvimento do aluno e, de forma brusca, as atividades não presenciais passaram a representar 100% do dia a dia de estudantes e professores. 

Junto com esse fenômeno, outras questões apareceram – e que, certamente, serão temas de outros artigos aqui nesse espaço –, entre elas, a falta de engajamento, motivação e números expressivos de evasão escolar, em especial na rede pública. 

Para as escolas que já desenvolviam um trabalho mais avançado com as TIC, o cenário traçado registrou um impacto menor. No entanto, como veremos a seguir, ainda surgiram pontos preocupantes diante da aplicação dessas medidas.

O uso da tecnologia

No que tange à continuidade das atividades, mesmo diante da pandemia, as escolas mais preparadas para as estruturas tecnológicas, de fato, puderam cumprir seus currículos de forma mais contínua – o que não significa que, de fato, estavam aplicando as propostas do ensino híbrido.

Especialistas relacionados ao tema apontam um fenômeno bastante comum no Brasil e que, aos olhos dessa metodologia, mostra que ainda há muito o que se evoluir no assunto. 

Com as escolas fechadas, com estudantes e professores trancados em suas casas, as aulas passaram a ser desenvolvidas nas mais diversas plataformas de vídeo – e a interação se deu tanto nesses ambientes, como em aplicativos paralelos que já eram do uso desses públicos. 

No entanto, isso não significa que houve um avanço na forma como os conteúdos são expostos. Há um olhar crítico que aponta que, na maioria dos casos, o que houve foi, apenas, uma transposição tecnológica.

A mesma aula expositiva feita em sala de aula, com um mestre à frente, despejando matérias diante dos alunos, foi reproduzida na tela do YouTube ou de qualquer outra plataforma. 

Essa é uma observação preocupante. E mostra que, se faz necessário um olhar diferenciado sobre a forma como esses conteúdos são entregues. Afinal, colocando em prática exatamente os mesmos processos, não é possível esperar um resultado diferente do que já é aplicado. 

Falta de metodologia

Quando não há um método adequado para a exposição desses materiais, há espaço para algumas conclusões problemáticas:

  • A primeira delas é a falta de motivação e engajamento do estudante diante do que está sendo compartilhado nos currículos. Em casa, sentado (ou deitado) no sofá, cama, quintal, há um excesso de situações que podem, simplesmente, comprometer o foco do aprendizado;
  • Outra questão importante relaciona-se com os momentos de adaptação ao pós-pandemia. Em um cronograma que, acredita-se, deverá obedecer a um período de adaptação e transição gradual para o ensino presencial, como será feita a divisão de turmas e conteúdos, em um ambiente sem organização estratégica sobre como cada um vai aprender?

É nesse ponto que a capacidade de coleta de dados, presente nas estruturas de ensino híbrido, pode fazer toda a diferença. 

Com a organização das atividades conduzidas da forma ideal para os perfis presenciais e não presenciais, é possível administrar o nível de aprendizagem de cada turma e aluno, de forma individualizada. 

E, para isso, não é preciso dizer que os grandes multiplicadores dessas possibilidades são os professores. 

Nesse sentido, olhar para o ensino híbrido em 2021 corresponde a uma necessidade para a boa continuidade das atividades escolares. Mas, antes disso, é preciso que os docentes estejam preparados para esse novo e construtivo momento. 

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