O tema parece estar onipresente em toda discussão sobre a educação no Brasil em 2021. Mas, de fato, o que há de consistente sobre o modelo de ensino híbrido e o quão importante ele é para os dias de hoje?
Reunir o que há de melhor no ensino presencial com as melhores práticas desempenhadas de maneira remota – se parece simples resumir em uma frase o tão comentado Ensino Híbrido, é importante saber que não se trata de um modelo estanque e de fácil definição.
Em um momento na história da educação, notadamente a brasileira, em que essa proposta pode ser o caminho ideal para a transição entre o completo isolamento físico e o retorno às atividades presenciais, a ideia é trazer a discussão para alguns pontos e características que podem fazer a diferença em sua aplicação.
Apesar de tratar de contextos completamente diferentes, e apenas como um exemplo, os educadores com certeza se lembram muito bem do boom do ensino bilíngue, bilinguismo, formação bilíngue, currículo bilíngue etc. Não é mesmo?
Com o advento dessa possibilidade nas escolas do país, sistemas de ensinos, plataformas e grupos educacionais dos mais diversos passaram a explorar e divulgar as definições e termos dessa vertente. Muitas vezes, sem nenhum tipo de padrão, onde cada um privilegiou aspectos onde pareciam se diferenciar mercadologicamente.
Da mesma forma, e para que não ocorra a mesma coisa, é preciso delimitar o que a metodologia do blended learning de fato oferece para que os gestores e docentes possam fazer, sempre, a melhor e mais eficiente escolha.
É por esse motivo que o Blog do Iteduc traz, hoje, alguns dos principais Mitos e Verdades sobre o Ensino Híbrido.
Mito ou Verdade?
O modelo híbrido é tendência no ensino – Verdade
Sim. Se o desenho das rotinas educacionais estava, na maioria das vezes, rumando para o ensino híbrido como o modelo que melhor responde à formação das principais competências necessárias para a formação do século XXI, o que aconteceu no ano de 2020 foi um grande acelerador de todo o processo.
As experiências que promovem essa mistura do ambiente presencial e remoto vão estar cada vez mais presentes na vida de crianças e jovens. Isso significa que eles, de uma forma ou de outra, serão mais impactados com um mix entre atividades das aulas convencionais junto aos conteúdos desenvolvidos em plataformas tecnológicas.
E, acredite, apesar de o foco dessa tendência estar direcionado nos alunos, serão os professores os que, provavelmente, terão de encarar uma transformação mais profunda na forma de trabalhar seus conteúdos. Basta lembrar do dado que já divulgamos neste artigo anterior do blog, que 89% dos docentes não tinham experiência para dar aulas remotas (antes da pandemia) e 42% dos entrevistados disseram ainda estar sem treinamento, aprendendo por esforço próprio (dados de julho de 2020).
Ensino híbrido é igual ao EAD – Mito
É muito comum ouvir a afirmação de que a proposta do ensino híbrido seria uma variação do ensino a distância, sendo que, da mesma forma como já foi popularizado nos níveis superior e técnico, agora o foco estaria entre os mais jovens.
O que existe de fato: o Ensino Híbrido utiliza elementos do EAD e possíveis plataformas tecnológicas podem ser as mesmas. Mas o processo de ensino-aprendizagem e a disposição dos conteúdos são diferentes, e devem sempre buscar ser adequados a cada modelo.
É um modelo que depende 100% da internet – Mito
Apesar de ser um tema bastante comentado no momento que atravessamos, é importante ressaltar que o conceito de ensino híbrido não é novo – o termo em inglês blended learning possui estudos desde o século 20 e mais estruturados já no início deste século. E, principalmente, trata-se de uma proposta anterior ao advento dos smartphones e plataformas digitais.
Antes disso, a proposta de complementar o processo de ensino-aprendizagem com etapas remotas, pode ser notada nas mais diversas situações. Uma delas com o uso da própria televisão: com o propósito de utilizar recursos de programas educativos que “conversam” com a experiência em sala de aula, durante a pandemia alguns professores da região Nordeste “inovaram” ao buscar uma ferramenta tecnológica que, digamos, não é de última geração. Após se organizarem com o Grupo Timbira, do Maranhão, as emissoras de rádio afiliadas passaram a retransmitir as aulas para a capital e outras cidades do interior.
É fundamental ressaltar que o advento das tecnologias de informação e comunicação (TICs) complementaram, otimizaram e popularizaram caminhos educacionais. Mas é importante saber, também, que a essência do ensino híbrido não está nesses dispositivos. Eles compõem, justamente, os meios para concretizar essa dinâmica.
A adoção pode ser radical ou moderada – Verdade
Não há um formato fixo de implementação de uma experiência de ensino híbrido como se fosse uma receita de bolo. É preciso adequar as possibilidades à realidade de cada escola e suas comunidades.
A intensidade como as atividades são dispostas também possuem variações. De acordo com a professora Guiomar Namo de Mello*, “a maioria das instituições prefere a abordagem moderada, mantendo o modelo curricular por disciplinas, mas criando, em paralelo, espaços e tempos nos quais professores e alunos desenvolvem trabalhos interdisciplinares, baseados em pesquisa, em problemas para os quais devem ser desenvolvidas soluções”.
*Mello é conselheira da Associação Nacional de Educação Básica Híbrida (Anebhi), instituição que teve o início de suas atividades em outubro do ano passado. A observação da pesquisadora foi extraída da Nota Técnica sobre o ensino híbrido, publicada no site da instituição.
Treinar os professores para o ensino híbrido o quanto antes é fundamental – Verdade
Diante deste cenário e lembrando que, praticamente, já estamos no início do ano letivo de 2021, é muito importante que o corpo docente esteja preparado para os desafios que o pós-pandemia (em um momento inicial sem a vacinação para todos e, posteriormente, com a vacina) irá oferecer para toda a comunidade escolar.
A aprendizagem está diretamente ligada à forma como os conteúdos serão expostos e, também, em como os estudantes vão estar engajados nessa proposta. Aliás, há um artigo aqui no blog justamente sobre como a formação desses profissionais não é uma opção, mas uma necessidade.
Explicar o conceito do ensino híbrido e fazer com que o docente esteja alinhado a essas propostas na hora de interagir com os estudantes; discutir metodologias e tecnologias; personalizar os conteúdos de acordo com o público e a escola; promover engajamento e motivação no processo de aprendizagem. Estes tópicos são, dentre outros, os módulos trabalhados no curso O Professor na Era Digital, uma proposta exclusiva oferecida pelo Institute of Technology and Education (Iteduc), para promover a ponte entre essa necessidade e o dia-a-dia de quem vai ensinar.
Acesse este link para conhecer um pouco mais sobre essa capacitação e suas vantagens para professores e escolas.